05 novembro 2009

Del Toro Fala Sobre a Produção de O Hobbit


Del Toro fala bastante sobre roteiro, criaturas e processo de produção de O Hobbit

O único problema é que as filmagens ainda vão demorar uns cinco meses pra começar...



A revista Total Film publicou uma longa entrevista com Guillermo Del Toro, e lá pela metade ele dá declarações interessantes sobre O Hobbit - particularmente, sobre as criaturas do filme.

"A pré-produção nos tomou quase um ano. O que pra mim é muito longo, porque eu costumo levar um terço desse tempo para criar o design de filmes como Hellboy. E aqui temos três ou quatro vezes o número de artistas [trabalhando nos designs], em comparação com Hellboy. Produzimos centenas de desenhos, dúzias e dúzias de maquetes. Já é um épico, e vamos continuar com os designs quando a produção de fato começar", disse o diretor.

"Eu disse para a Weta [companhia que cria os efeitos e as maquiagens do filme] que deveríamos manter o DNA das criaturas da Trilogia do Anel, mas gerar tipos diferentes de criaturas. Por exemplo, na trilogia a maioria delas é desarticulada, bruta. Em O Hobbit, as criaturas falam. Smaug tem falas belíssimas, o Grande Goblin também... Então tínhamos que ter um enfoque diferente em relação ao design, porque essas criaturas não podem simplesmente ser assustadoras. Eu queria que os monstros fossem, sim, majestosos", falou.

"Acho que um dos designs dos quais mais me orgulho é Smaug. Obviamente, foi o que deu mais trabalho. Na verdade, ainda está no meio do processo. Terminamos a paleta de cor e um pouco da textura. Mas o grosso do design nos tomou um ano, por causa das características únicas do dragão", emendou.

E completa: "Bem no começo do projeto eu trouxe uma ideia forte que separaria Smaug de qualquer outro dragão visto anteriormente no cinema. O problema era implementar essa ideia, mas acho que a gente conseguiu. E temos uns caras na equipe que são maníacos por aranhas... Não posso falar muito sobre elas, mas não tem como fazer um ataque de aranhas a uma cidade sem que isso pareça filme de terror. Não dá pra uma aranha gigante envolver pessoas em casulos de forma gentil. A questão é definir o peso dessas aranhas, porque elas têm pernas bem longas. Como Shelob [a aranha de O Retorno do Rei] ficava mais perto do solo, ela se mexia quase como um tanque. Nossas aranhas precisam ser massivas mas, ao mesmo tempo, ter uma leveza".

Sobre as batalhas: "Estou empolgado para fazê-las. Mas, ao mesmo tempo, já tivemos batalhas demais na trilogia. E depois dela virou uma coisa normal ver dois exércitos de computação gráfica se atacando. A questão era achar um jeito de fazer uma batalha sem que pareça algo repetido. Eu encontrei uma solução que acredito ser boa. Fará as batalhas se destacarem. Queremos evitar coisas que fujam demais do DNA da trilogia, mas ao mesmo tempo não queremos que as pessoas fiquem com a impressão de que já viram aquilo antes. Quero que seja uma familiaridade querida, como voltar à cidade dos hobbits e matar uma saudade".

Del Toro falou também do processo de roteirização ao lado de Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens. "A gente se encontrava diariamente às 9 da manhã e ficávamos discutindo o roteiro por horas. Daí, à tarde, eu passava para olhar os designs. A certa altura, a gente se dividia em dois times: eu passava o olho em uma parte do roteiro, eles olhavam outra parte. É bem o jeito a que estou acostumado a escrever roteiros em coautoria. E foi muito produtivo. Dava pra ter criado umas quatro versões de O Hobbit."

Sobre a estrutura: "Estamos respeitando a estrutura estabelecida por Tolkien, porque a ordem das aventuras em O Hobbit é bem conhecida há gerações. Não queremos mexer nesse tipo de coisa, mas vamos integrar as idas e vindas de Gandalf, porque no livro ele some com frequência. Ao contrário do livro, no filme vamos ver onde ele vai e o que acontece com ele".

Sobre a relação dele com Jackson, que apenas produz O Hobbit: "Por enquanto não tivemos nenhuma encruzilhada. Nós debatemos e cada um ganha em diferentes estágios. Até agora Peter tem sido o produtor perfeito. Dois cineastas já produziram filmes meus até hoje, ele e Pedro Almodóvar, e ambos entendem que o produtor não é o diretor do filme. O produtor é o produtor. Se acontece uma emergência ou algo sai errado, ele é o cara que entra com uma opinião forte. Mas quando tudo vai bem, dentro do cronograma, isso não se faz necessário".

Sobre as cores: "Acho que O Hobbit é um pouco mais colorido do que as sombras da trilogia. Um pouco mais operístico, floreado... Uma coisa que o livro marca bem é a passagem das estações, então estamos usando isso como base. E em alguns momentos é bem o que as pessoas gostam no livro, como os trolls de pedra falando sobre o jeito de cozinhar anões. Tem esse elemento de humor, de magia. Peter gosta da parte da historiografia, ele é meio um arqueólogo. O Hobbit tem mais uma licença poética... É um filme mais emperiquitado".

Os dois filmes de O Hobbit chegam às telas no final de 2011 e 2012. As filmagens começam entre abril e maio de 2010.



Por: Marcelo Hessel


Fonte: www.omelete.com.br

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